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Maria Flor, Deus e a síndrome do pânico

Maria Flor é casada e mae de um menininho. Carregava, como muitos, fortes dores do passado. Foi vítima de abuso sexual na infância por muito tempo e por causa desse problema, viu desencadear uma síndrome do pânico muitos anos depois desses anos de abuso. Num determinado período de sua vida,  notou apavorada que nao conseguia andar de ônibus. Era lá que as crises de pânico a atacavam. Se sentia aterrorizada e só saia de ônibus, acompanhada. Quando ela me contou desse medo, pude imaginar de alguma maneira, o que isso significava. Tenho uma tia que sofreu um tipo de síndrome do pânico também. Minha tia, fugia de casa e se escondia em buracos que encontrava nas ruas. Ela dizia ver homens com metralhadoras por todos os lados que queriam matá-la. Vivemos na minha família, períodos extremamente conturbados nessa época. Minha mae e tias, a prendiam em casa, fechavam tudo pra ela nao conseguir fugir, mas ainda assim, ela sempre achava um jeito de sair e sumia por dias, até ser encontrada toda suja e machucada, escondida em buracos. Tudo causado por essa maldita doenca da mente.
  
Maria Flor sofreu com essa doenca por mais de 15 anos! Ela tem um jeito nervoso de ser, fala sem pausas e parece constantemente em estado de alerta. É católica, vai sempre a missas e sempre creu em Deus, desde muito menina.

E ela lê meu blog... 
Um dia, me escreveu dizendo que queria muito ter esse contato com Deus do qual falo, mas que sente que algo a impede. Trocamos muitos emails e neles tenho dito que crer no Senhor e no Seu poder e presenca, é a única coisa a fazer, porque nada vem de nós, mas sim de Deus. Acho que ela tem sido uma dessas pessoas que acredita que pode ter forca pra resolver algo, mesmo que esse algo esteja muito fora de seu alcance. Noto que Maria tem muita vontade de se entregar a Ele, mas ela sempre diz que a síndrome é a culpada, já que a doenca lhe causa extremo medo e inseguranca.  Ela, assim como minha tia, tem muito medo da morte.

Já faz alguns meses que minha querida amiga está tentando encontrar com Deus. Tem ouvido pregacoes e lido a Bíblia, tem orado, tem corrido pra Deus, tem implorado. Mesmo eu garantindo a ela que Deus já vive nela, parece nao acreditar em mim. Ela quer mais. É uma brigona, lutadora! Sei que tem se achegado a Deus com pureza de coracao e intencao por isso creio que ela já tem Deus vivendo nela. Mas ela sempre tem me dito, que algo a impede, que nao sente que tem se entregado realmente a Deus, que seu encontro com Ele ainda nao aconteceu, etc, etc. Seus emails, mesmo tendo mudado muito de uns tempos pra cá, sao sempre finalizados com uma pontinha de  frustracao. Sei que há mudancas neles, e sempre tento fazê-la entender que isso tudo é um processo. Que Deus age em cada um de forma diferente, e que ela deve somente crer

Bom, mas isso nao é suficiente pra Maria Flor. Só crer e esperar era muito difícil pra ela! E ela tentou entao fazer do seu modo. 

Acreditou firmemente que o que a impedia de estar perto de Deus era a doenca. Queria sentir Deus e seu amor, queria também viver normalmente, queria poder sair sozinha com seu filhinho, passear com ele sem medo, ser mais livre e feliz, sem o tormento da síndrome. Entao comecou a ler um livro ótimo que tratava desse assunto. Marcou uma consulta em Sao Paulo (Maria é assim como eu, de Manaus) com o escritor do livro e foi com seu marido e filhinho. 

Me escreveu depois disso super frustrada. A consulta tinha sido em vao. Foi em vao que pagou as passagens de aviao, a consulta, a estada no hotel! No dia marcado, de frente com o terapeuta, ela simplesmente nao funcionou. Tinha que fazer um tipo de regressao a fim de descobrirem juntos, onde estava a ferida maior que desencadeava a doenca. Nao conseguiu relaxar o suficiente, já que é mesmo uma pilha! e e voltou pra Manaus totalmente desapontada consigo mesma. 

Mas o que ela nao sabia, era que Deus já tinha ouvido suas preces. 
Deus conhece nossos coracoes, nossas intencoes, nossos medos. Deus conhece e sabe de tudo! E agirá quando e como achar melhor.

Algumas semanas depois da frustrante consulta, Maria ainda acreditava ter a síndrome do pânico, até um dia em que ela se viu obrigada a pegar um ônibus. Deus criou uma situacao em que ela precisava ir sozinha pra casa. E foi. E desde entao, nunca mais teve medo de sair de ônibus.

O que ela descobriu, é que Deus tinha que agir onde ela nao conseguia. Ela tinha realmente um empecilho na relacao com Deus. E ela tentou. Ao chegar frustrada da consulta, ficou tao triste e arrasada, que precisou notar que nao podia fazer mesmo nada. E foi aí, nesse momento, que Deus pode agir.
Quando Maria Flor tempos atrás, procurou Deus de coracao aberto, já nao existia mais síndrome alguma, só ela que nao sabia! 
Entao a consulta nao foi mal sucedida, pelo contrário, foi tudo providência divina. E agora ela pode fazer o que o terapeuta que é cristao, recomendara desde o início: você tem que entregar sua vida nas maos de Cristo!

Termino a postagem com as palavras da própria Maria Flor, que escreve no seu blog sobre suas experiências com a doenca e o abuso sexual que sofreu:
"Depois da cura, eu me envolvi na preparacao do aniversário do meu filho e comecei a correr literalmente. Eu ainda não sentei para escrever melhor sobre Deus em mim, sobre como eu deixei de ser uma pessoa com uma fé frágil e superficial, egoísta literalmente, ainda nao escrevi como as pregacoes, a leitura da Bíblia e sua interpretacao fizeram parte de minha cura e libertacao dos grilhoes do meu próprio Ego. Mas escreva você Nina, acho que falar sobre isso pode ajudar muita gente. Um abraco minha amiga e irma em Cristo!"  


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