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Mostrando postagens de dezembro, 2014

Em paz com o passado

Ele nao gostava de falar do passado e nem da infância. Como se tudo o que vivera fosse um erro. Sempre que lembrancas vinham à mente, fugia delas, se esquivando. Encontrava uma saída nao muito ortodoxa para se esconder. Como quando fazia em crianca, fugindo de amigos numa brincadeira de  esconde esconde. O pai severo, a mae insípida. A voz alta e reta, quase sempre como uma ordem de um sargento a um soldado raso. As eternas proibicoes. - Nao faca isso, nao faca aquilo, fez errado de novo! - O galho seco na botinha no lugar do chocolate, no natal, como sinal de repreensao. Um menino triste, sem irmaos ou grandes amigos.  Cresceu tímido. Na defensiva. Porém, pronto para atacar com palavras, assim como aprendeu na infância. Nunca apanhou dos pais com cinta ou chinelo, mas fora espancado por eles com palavras duras, cruas, secas. Nunca soube o que era um elogio. O futuro seria duro e difícil. Nos encontros em família só se falava em dinheiro, poupanca, estudos, trabalho, como se o

A espera

Ela era ainda pequena. Tinha longas trancas. Longas e escuras. Todos os dias, subia numa cadeira, com seus sapatinhos engraxados, antes de ir a escola. Arrastava-a pelo cômodo, de piso de madeira, muito gasto pelo tempo, naquela casa antiga e fria. Ainda antes do sol nascer. Olhava pelo parapeito da janela para ver se ele vinha. Fazia isso todos os dias, mesmo quando nao havia aula. Acordava cedinho e subia na cadeira. Era a primeira coisa que fazia quando pulava da cama. Olhava, procurando-o. E voltava a descer. - Nada ainda, vovó - falava desapontada àquela que também, assim como ela, aguardava ansiosa e tinha as mesmas trancas, mas há muito tempo nao mais tao escuras. Os olhos da avó brilhavam, tinham sempre um ar molhado e cansado. - Já nao enxergo tao bem filha. Entao, continue você olhando por mim - falava a avó sentada na outra cadeira do outro lado da sala. Balancando-se enquanto cantava uma cancao como que de ninar. Como que. A mae da menina chegava na sala e revirava os ol

Culinariando

Lindas experiências na cozinha no último curso de culinária... Cozinha linda, linda, linda. E cheirosa... Início do processo de preparo do caldo de carne. Tudo feito por nós! Eu que já nao comprava quase nada pronto, agora, o faco menos ainda...   Fazendo a "massa para a massa". Esperando secar só um bocadinho  Anton, o filho lindinho do Chef, preparando a parte final do macarrao de lavanda. Pro prato!   O risotto com acafrao, fui em quem fiz. iuaaaa...    Preparo dos legumes para o prato mediterrâneo   Tudo muito muito saboroso Um dia ainda aprendo...

Casinhas típicas

Hoje fiz um maravilhoso curso de culinária numa cidadezinha próxima a minha.  O lugar era tao lindinho que tive que fotografar pra ti ver que fofura é quando encontramos um lugar cheios dessas casinhas, aqui chamadas Fachwerkhaus. Toda a cidade, na verdade, uma vila, era cheia delas. E como o clima estava "propício", para fazer fotos, aproveitei o céu branco, a temperatura de 4° C, o vento frio, a neblina, o leve chuvisco e fui fotografar :-( As Fachwerkhäuser ocorrem muito na regiao em que vivo, mais pro sul da Alemanha, mas parece que nao sao típicas daqui. Datam da Idade Média, em sua maioria e a casa mais antiga é do ano de 1200 e tralálá... faz tempo né? Mas os alemaes nao gostam muito delas nao... vai ver que enjoaram. Na verdade elas sao muito frias, muito antigas e normalmente por dentro sao pequenas e apertadas. Mas bom, a gente nao precisa morar nelas para achar bonitas, né?! Klischee Klischee du tust ja weh!! (clichê, você dói)

Facas, cassoulet e Floras

Há uma moca que gosto muito e que visito sempre, dona de um blog muito simpático e que gosta de cozinhar. Ela tem um jeito levinho de escrever e faz umas receitinhas bem bacanas. Outro dia li uma postagem em que ela falava de facas. Sobre esse tema, já tenho certa experiência. Nao adquirida por mim mesma, mas por causa da minha sogra. A "véia" sempre que vinha aqui, e faria qualquer coisa na cozinha, pedia acentuando bem as palavras:  POR FAVOR uma faca BEM amolada! Eu nunca tinha parado pra pensar no quao importante é ter boas facas. Fato é que, assim como a Flora bem lembrou (é, a menina linda do blog tem o nome lindo da minha linda mae!) facas cegas sao a principal razao de haver acidentes na cozinha, pois você poe mais esforco numa faca que nao esteja bem amolada do que numa que esteja em boas condicoes. Essa licao já era pra ter sido aprendida há muito anos, quando eu observava minha própria Flora. Lembro muito dela, amolando (ou afiando) facas, utilizando pra