Há alguns anos, uma tia-avó do meu marido, de 94 anos, nascida na República Checa e que veio morar na Alemanha ainda muito jovem, me perguntou se eu sentia saudade do Brasil. Ao ouvir minha resposta negativa, ela só se ateve a falar: espere, com o tempo a saudade virá. Nao dei importância ao que ela disse, e até mesmo dei uma risadinha quase arrogante: "ela nao conhece o meu país!". Até anteontem, esse tempo ainda nao havia chegado. Mas ontem, finalmente, ele veio. Muito provavelmente, estou escrevendo sob efeito dos hormônios, que me deixam meio que fora do meu normal, todo santo mês. "Mulher é bicho esquisito", como diria Rita Lee, "todo mês sangra". Sangramos na alma também, em alguns desses meses... Sempre disse a mim mesma que nao queria ser como muita gente que já encontrei aqui, infeliz por morar longe do país em que nasceu, falando mal da Alemanha por anos. Sempre enchi a boca pra falar "se está infeliz, porque nao volta?",